1909 :
Em 21 de junho de 1909, quatro representantes do Internacional reuniram-se com os representantes do Grêmio na sede da Sociedade Leopoldina Porto Alegrense, para tratarem do primeiro confronto entre os dois clubes.
O Internacional, fundado dois meses antes, convidaria o Grêmio para ser o seu primeiro adversário.
A partida inicialmente seria realizada em 27 de junho. Com a proximidade de um jogo com o Fuss-Ball, outro clube gaucha da época, previamente marcado, o então presidente do Grêmio, major Augusto Koch, declarou que sua equipe enfrentaria o Internacional com o segundo quadro(time reserva). Os dirigentes do Internacional, por sua vez, não aceitaram e exigiram que seu adversário jogasse com o time principal.
A diretoria gremista concordou. Porém, como a agenda do clube estava lotada, a partida seria realizada somente no mês seguinte.
O primeiro Grenal da história ocorreu no dia 18 de julho de 1909, em um domingo, no Estádio da Baixada (que pertencia ao Grêmio). Às 15 horas e 10 minutos, as duas equipes entraram no campo da Baixada, precedidas pelos respectivos presidentes e pela banda da Brigada Militar.
Os jogadores do Grêmio trajavam camisa dividida verticalmente em metade azul e metade branca, com calções pretos.
Já os do Internacional vestiam camisa listrada verticalmente em vermelho e branco, com calções brancos. O público presente foi estimado em duas mil pessoas.
O árbitro da partida foi Waldemar Bromberg, sendo juízes de linha João de Castro e Silva e H. Sommer, e juízes de gol Theobaldo Foernges e Theodoro Bugs. Os juízes de gol ficavam sentados num banquinho ao lado das goleiras, indicando se a bola entrava ou não no gol, pois na época não havia redes nas goleiras.
O pontapé inicial fora dado por Edgar Booth que, aos 10 minutos, marcou o primeiro gol do jogo e da história do clássico. Booth ainda marcou mais quatro gols, sendo o restante dos tentos marcados por Júlio Grünewald (4 gols) e Moreira (1 gol), totalizando o placar em 10 a 0 para o Grêmio , a maior goleada da história dos Grenais.
GRÊMIO : KALLFELZ , DEPPERMAN & BECKER. KARLS , BLACK & MOSTARDEIRO. BROCHADO, MOREIRA, BOOTH, SCHRODER & GRUNEWALD.
INTERNACIONAL : LUIZ POPPE , PORTELA & SIMONI. VIGNOLES, PIRES & WETTERNICH . JOSÉ POPPE , HORÁCIO , CARVALHO , CESAR. & MENDONÇA.
1915 :
Em 1913, o Internacional conquistou seu primeiro título, e de forma invicta: o do Campeonato Metropolitano de Porto Alegre. Esse feito seria repetido no ano seguinte, em 1914. Apesar dos progressos, o incômodo dos Grenais permanecia e perturbou a vida de colorados até 1915, quando finalmente venceu o Grêmio por 4 a 1.
Havia muita expectativa em torno do clássico. Cerca de 4.000 pessoas compareceram ao campo gremista, para assistir a partida. A presença do público feminino, na época, era expressiva. Assim o jornal A Federação descreveu as torcidas femininas dos dois clubes:
"Enchiam o pavilhão central, as admiradoras do 'Gremio', gentis patricias graciosas e elegantes, onde dominava a tez rosada e os cabellos loiros das filhas da estimada colonia germanica."
"No chalet, situado na parte opposta á entrada, as alegres 'internacionalistas', deram a nota alegre da tarde, com suas enthusiastas ovações."
O clássico Grenal já era um evento marcante no cenário esportivo da capital. O ingresso dos times em campo, muito antes do "fair-play", já demonstrava a importância da partida, mesmo sendo um amistoso:
"Os contendores entraram no ground dois a dois, de braços entrelaçados e debaixo duma chuva de confetis e serpentinas do bello sexo e uma estrondosa saudação da assistencia inteira."
No sorteio do início do jogo, o Internacional escolheu o lado favorável ao vento, e a saída de jogo coube ao Grêmio. Por um momento fez-se completo silêncio no estádio, mas quando a bola rolou, a torcida passou a manifestar-se.
"Desde os primeiros momentos, da numerosa e selecta concorrencia apoderou-se um enthusiasmo incrivel, um verdadeiro delirio. Cerradas palmas premiavam, indistinctamente, os bellos feitos dos footballers, que se degladiavam."
Desde o início do jogo o Internacional tinha amplo domínio da partida. A 1ª etapa ocorreu quase toda no campo do Grêmio, que se defendia como podia. Mas nada do gol sair. Finalmente, a situação muda aos 44' do 1º tempo, em um gol assim descrito pelo jornal:
"A lucta desenvolvia-se brilhantemente, faltavam apenas alguns segundos para findar o primeiro tempo, quando Muller, o meia esquerda do alvi-rubro, aproveitou-se dum entrevero na porta do goal, e marcou o ponto da emocionante contenda. Os admiradores do 'Internacional' invadiram então o campo, em manifestações aos seus favoritos."
No 2º tempo, aos 4', Bendionda amplia, de cabeça. Túlio, em chute enviesado, faz 3 a 0, aos 30'. Aos 38' o gremista Sisson chutou, o goleiro Baes defendeu, mas deixou a bola escapar, entrando na rede após bater na trave. Aos 42, Bendionda encerrou o placar: Internacional 4 a 1.
A torcida colorada comemorou o feito:
"A legião 'internacionalista', no auge do enthusiamo, carregou os seus players, em meio de delirantes aclamações, a frente do pavilhão central do ground do 'Gremio'. Ali continuaram aquellas manifestações, em quanto as gentis gremistas cobriam os heroes alvi-rubros com delicadas petalas de flores.
O dirigente Antenor Lemos gritava de felicidade: "Está quebrado o lacre, esta quebrado o lacre", repetia sem parar, emocionado. Em julho de 1916, o Inter aplicou mais uma goleada no rival: 6 a 1, já na Chácara dos Eucaliptos. O ponta-esquerda Francisco Vares o grande herói colorado na partida, fazendo todos os seis gols do Inter.
INTERNACIONAL : BAES, SIMÃO & DORNELLES , BITU , CARLOS & LUCÍDIO, TÚLIO , OSWALDO, BEDIONDA, MULLER & VARES.
1918 :
O Grenal 11 aconteceu no dia 4 de agosto de 1918 na Baixada. O Grêmio vencia por 1 a 0, até os 43 minutos do primeiro tempo, quando estourou a primeira grande briga no clássico, após nove anos de sua primeira edição.
Um torcedor gremista, Manoel Costa, funcionário da Empresa Telefônica Rio-Grandense, deu uma facada de 15 centímetros no quadril direito do ponteiro-esquerdo do Inter, Álvaro Ribas. Ribas, que já tinha abandonado o futebol, e voltara atendendo apelos dos seus companheiros, passou duas semanas hospitalizado, e nunca mais jogou.
A Associação Porto Alegrense de Desportos (APAD) determinou, então, a disputa do tempo restante, mas o Grêmio recusou-se a jogar. Assim, o Conselho Superior da entidade decidiu atribuir a vitória e os pontos em disputa ao Inter, resultado que inclusive deu o campeonato portoalegrense de 1918 ao Cruzeiro.
Desse modo, para alguns jornalistas, o Inter teria, na estatística, uma vitória a mais e uma derrota a menos. A história pode ser confirmada nas coleções dos jornais da época, e no livro Álbum Esportivo do Rio Grande do Sul, publicado em 1937.
GRÊMIO : KUNZ, GARIBOTTI & MASSON, PAVANI, DORIVAL & CHIQUINHO, JORGE, GERTUM, ROCHA LAGARTO & COSSI
1935 :
Disputado em 22 de Setembro de 1935, ano do centenário da Revolução Farroupilha, o clássico foi válido pela última rodada do Campeonato Citadino. O Internacional chegara à partida decisiva um ponto à frente do rival e o empate garantia o título e a vaga para o campeonato estadual.
A partida permanecia 0 a 0 até os 38 minutos do segundo tempo, quando numa falta lateral, o zagueiro colorado Risada subiu mais alto que os atacantes tricolores e testou a bola para frente… nos pés de Foguinho, meio-campista do Grêmio, que já esperava o rebote. O chute saiu certeiro: Grêmio, 1 a 0! Dois minutos depois, num contra-ataque, o ponta-direita Laci ainda fez o segundo gol do Grêmio.
Mesmo tendo perdido o campeonato estadual para a equipe do 9º Regimento, de Pelotas (que, em função disso, passou a chamar-se Farroupilha), o título metropolitano foi considerado tão importante que os atletas e a direção do Grêmio juraram comemorá-lo por 100 anos. Promessa cumprida à risca até hoje.
O "Grenal Farroupilha" também foi marcado como a última partida do goleiro Eurico Lara pelo Grêmio. Debilitado por problemas de saúde, ele atuou durante o primeiro tempo. Viria a falecer alguns meses depois. O craque foi imortalizado no hino do clube.
1938 :
De acordo com o livro "A História dos Grenais", o início da era do "Rolo Compressor" começou a ser marcado num grenal amistoso, válido pela "Taça Martel", disputado no dia primeiro de novembro de 1938. Seria a despedida do craque gremista Luiz Carvalho, e o jornal Correio do Povo daquele dia anunciava o "choque sensacional entre a técnica tricolor e o tradicional sangue colorado".
Em campo, os "diabos rubros" (segundo o Correio do dia seguinte, Dia de Finados) ganharam por 6 a 0 "e o árbitro Álvaro da Silveira ainda anulou cinco gols, alegando que dois haviam sido feitos com a mão e nos outros três os atacantes estavam impedidos."
Ainda de acordo com o livro de David Coimbra, ao final do jogo houve um diálogo entre "o indignado presidente do Inter Ildo Meneghetti" e o árbitro, nos seguintes termos: "Por que anulaste tantos gols?" "Era muito gol para um grenal"
1948 :
O Internacional aplicou uma goleada de 7 a 0 no Grêmio em 1948, na partida final do campeonato da cidade de Porto Alegre. O jogo foi realizado no campo do clube tricolor. Era a época do "Rolo Compressor". Alguns nomes haviam mudado, mas a base de Ivo, Nena, Abigail, Tesourinha e Carlitos estava mantida.
A rapidez das jogadas e os arremates fortes do Colorado fizeram a rede do Grêmio balançar sete vezes com 4 gols de Villalba, dois de Carlitos e um de Roberto.
Até hoje, esta é a maior goleada da história do Internacional sobre o rival. Sendo que desde a profissionalização do futebol no estado, essa é a maior goleada em grenais.
O Inter jogou com: Ivo; Nena e Ilmo; Alfeu, Vianna e Abigail; Tesourinha, Beresi, Villalba, Roberto e Carlitos. Técnico: Carlos Volante.
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