CENTRO SPORTIVO ALAGOANO ( CSA ) - MACEIÓ ( AL )
De origem humilde, o clube foi
fundado por um grupo de comerciantes, que liderados pelo desportista Jonas
Oliveira, reuniram-se na Sociedade Perseverança e
Auxiliar dos Empregados no Comércio, na capital
alagoana, para criar uma agremiação esportiva, no dia 7 de setembro de 1913.
Entre os fundadores, estavam também outros desportistas como Osório Gatto,
Aristides Ataíde de Oliveira, Francisco Rocha Filho, Vicente Grossi, João
Tavares da Costa, José Fontan e Pedro Rocha. Em um primeiro momento, o clube
foi batizado de Centro Sportivo 7 de Setembro, em
alusão clara a data de sua criação.
No entanto, dois anos depois da
sua fundação, portanto, em 1915, o time azulino passou a se chamar Centro
Sportivo Floriano Peixoto. A mudança, aprovada em assembleia geral pelos
torcedores, surgiu do desejo de homenagear José Floriano Peixoto, um dos
maiores atletas alagoanos, que na época destacava-se a nível nacional.
Aproximadamente três anos depois dessa última modificação, em uma nova assembleia,
o clube sofreu uma nova alteração no seu nome, assumindo definitivamente, no
dia 3 de abril de 1918, a alcunha de Centro Sportivo Alagoano, da qual deriva a
sigla CSA.
A primeira sede oficial do
clube foi construída justamente no local de sua fundação, ou seja, na Sociedade
Perseverança e Auxiliar dos Empregados no Comércio. O lugar
abrigava uma verdadeira academia de atletas, pois era frequentado não apenas
pelos jogadores de futebol, mas também por praticantes de boxe, luta
grego-romana, esgrima, levantamento de peso, lançamento de dardo e disco.
Somente a partir de 1917, os esportes náuticos passaram a ser praticados pelos
associados do clube, que durante muitos anos utilizaram a lagoa Mundaú para realizar passeios e competições
náuticas.
Ainda nos primeiros anos, pouco
depois da sua fundação, a sede do clube foi transferida para uma das
dependências do Palácio Velho, antigo Palácio do Governo, em Maceió. Em 1915, após uma nova mudança, a
sede passou a funcionar em um prédio pertencente ao Tiro de Guerra, localizado na Praça da Independência, antiga Praça da Cadeia, no centro da cidade. Esse novo espaço ficou
marcado na história do clube, já que foi o primeiro a receber os treinos e os
jogos do time de futebol azulino. Na primeira partida realizada nesse novo
espaço, o até então Centro Sportivo Floriano Peixoto venceu por 3 x 0 uma equipe formada por
alagoanos que estudavam no Recife.
Somente em 1922,
especificamente no dia 15 de novembro, o CSA inaugurou
o Estádio Gustavo Paiva, no bairro do Bebedouro, carinhosamente chamado pelos torcedores azulinos
de Estádio do Mutange, justamente em alusão ao bairro que abrigava a nova casa do Azulão. Na inauguração, o time da capital alagoana venceu o Centro Sportivo do
Perez, na época uma boa equipe pernambucana, pelo
placar de 3 x 0. Coube ao atacante Odulfo a honra de marcar o primeiro gol do
Mutange, até então o maior estádio de futebol da cidade e
do estado.
Por mais de 40 anos, o estádio
marcou seu nome na história do futebol alagoano. Até a inauguração do Estádio Rei Pelé (Trapichão), o Mutange recebeu
os maiores acontecimentos esportivos da cidade e do estado, transformando-se no
palco onde foram disputados os grandes jogos, as grandes decisões. Ao longo de
mais de 90 anos de existência, o estádio foi pioneiro nos mais diversos
aspectos relacionados a vida esportiva e social da capital alagoana.
Em 1934, por exemplo, realizou o primeiro jogo de
futebol noturno do Nordeste. Na ocasião, o Azulão enfrentou uma equipe que pertencia a Força e Luz, que instalou cem refletores de 34 mil velas no estádio. O Mutange recebeu ainda a primeira partida de
futebol internacional do estado de Alagoas. Foi em 1951, no dia 23 de dezembro,
quando o CSA empatou
por 1 x 1 com o tradicional Vélez Sarsfield da Argentina, em uma partida amistosa.
Certamente, os torcedores
alagoanos, mas especialmente os azulinos, guardam na memória uma série de
lembranças do Mutange, que remetem não apenas as glórias, vitórias,
alegrias e títulos, mas também trazem a tona decepções, derrotas, tristezas e
perdas de troféus. Verdadeiro patrimônio do clube azulino, o estádio ainda
pertence ao CSA, que já há alguns anos começou a reformar o
Mutange com
o objetivo de transformá-lo em CT (Centro
de Treinamento) e sede social.
No campo da rivalidade, o CSA tem o também tradicional CRB como seu principal adversário, seu
maior rival. Juntos, as duas equipes fazem o chamado Clássico das
Multidões, o jogo mais tradicional, o que desperta mais
paixão, aquele que envolve a maior rivalidade da capital e do estado alagoano.
O clássico tem quase 100 anos! O primeiro confronto entre as equipes aconteceu
em 1916, quando em uma partida amistosa o CSA venceu
o também centenário CRB (Clube de Regatas Brasil), fundado em 1912,
por 1 x 0, jogando em casa. Já na primeira partida oficial, disputada em 1927,
quem saiu vitorioso foram os regatianos que, jogando em seus domínios, venceram
os rivais por 2 x 0 e conquistaram o primeiro Campeonato Alagoano de futebol.
Ao longo dos anos, vários
episódios foram alimentando ainda mais a rivalidade entre as duas maiores e
tradicionais equipes alagoanas. O primeiro grande entrevero entre os clubes
aconteceu em meados dos anos 1930, quando o CSA convidou
o CRB para disputar uma partida amistosa.
Os regatianos aceitaram, mas impuseram uma condição: chamar jogadores de outros
clubes para montar seu time. Os azulinos não aceitaram as exigências, o que
intensificou ainda mais a rivalidade entre as equipes.
Com o passar do tempo, os desentendimentos entre
os rivais foram aumentado dentro e fora de campo. A troca de farpas e as
provocações entre as diretorias podia ser acompanhado nos jornais da época. O
auge de todas essas "batalhas" ocorreu quando Ismail Acioli
(presidente do CRB) considerou como uma ofensa pessoal uma das
declarações publicadas por Osório Gatto (presidente do CSA). Os mandatários resolveram marcar um encontro em pleno
centro da cidade da capital alagoana para resolver suas desavenças. Armado com
um revólver, o presidente do CSA desferiu
um tiro que atingiu uma das pernas do mandatário regatiano.
A partir desse instante,
iniciou-se uma verdadeira guerra entre os dirigentes dos dois clubes, com
ameaças de ambos os lados. A diretoria do CRB chegou,
inclusive, a ameaçar os dirigentes azulinos de morte, caso o presidente
regatiano viesse a falecer, o que não aconteceu. Somente depois de alguns anos,
os diretores e dirigentes de ambos os times fizeram as pazes, mas o episódio já
havia deixado sua marca, contribuindo para aumentar ainda mais a rivalidade
entre os torcedores e as equipes. Toda essa rivalidade, não podemos deixar de
lembrar, também tem relação direta com os bairros em que se localizam os clubes
rivais. O CSA representa
a lagoa, localizada no Mutange, enquanto o CRB simboliza a praia, sua sede se localiza no
bairro litorâneo da Pajuçara.
1959 - Taça Brasil. Primeiro Campeonato Brasileiro de Futebol
Em relação aos títulos
conquistados, o CSA se
destaca com 37 títulos estaduais, o que faz da equipe azulina o maior campeão
do futebol alagoano. Dentre todas essas conquistas, que representam um recorde
no estado, merece menção honrosa os três tetras campeonatos vencidos entre os
anos de 1955-1958, 1965-1968 e 1996-1999. A nível local, o CSA ganhou ainda uma série de torneios,
troféus e copas ao longo dos seus cem anos de vida.
Fora das fronteiras de Alagoas,
o time azulino nunca conquistou nenhum título, mas sua torcida orgulha-se de
ter conquistado três vices campeonatos da Taça de Prata (atual Série B do Brasileirão) em 1980, 1982 e 1983, bem como o vice campeonato
da Copa Conmebol (1999), um feito único, que até hoje
ainda não foi sequer igualado por nenhuma outra equipe do Nordeste. Nesse sentido,
o Azulão não
deixou de ser pioneiro, já que foi o primeiro clube alagoano a participara de
uma competição internacional, sendo também o primeiro time do Nordeste a
disputar uma decisão de campeonato sul-americano.
Ao longo da gloriosa história
do CSA, vários craques já vestiram a camisa do popular time
azulino, que ficou conhecido como clube das multidões. Jogadores do quilate de
Dida (ídolo do Flamengo e
da seleção na década de 1950), Nereu, Jacozinho, Zé Preta, Misso, Paranhos, Peu
e o meia luso-brasileiro Deco, que brilhou no Barcelona e
na seleção portuguesa, já tiveram a honra de jogar pelo Azulão do Mutange. Fora de campo, o clube chegou a ser administrado
pelo ex-presidente Fernando Collor de Melo, que presidiu o CSA, ainda bastante jovem, durante a década de 1970.
Deco ( quinto agachado da esquerda para direita ) craque do Fluminense, Barcelona e Seleção Portuguesa também vestiu a camisa do CSA.
O ex técnico da seleção
brasileira, Luiz Filipe Scollari (Felipão - na imagem o quarto em pé da esquerda para direita ) , também chegou a defender as cores
azulinas, onde não apenas sagrou-se campeão alagoano, mas também iniciou sua
vitoriosa carreira de treinador na década de 1980.
Até mesmo o eterno Garrincha ( Na imagem o segunda da esquerda para direita agachado ) , ídolo do futebol brasileiro e
mundial, já chegou a vestir a camisa do CSA, em um amistoso contra o ASA de Arapiraca, um jogo festivo
disputado em 1973, quando o gênio das pernas tortas estava nos momentos finais
da sua carreira.
Atualmente, o tradicional
azulino do Mutange passa
por momentos difíceis, tendo que enfrentar uma das maiores crises da sua
história centenária. Nos últimos anos, em virtude de graves problemas
financeiros, resultado de sucessivas más gestões, o clube amargou dois
rebaixamentos para Série Bdo Campeonato Alagoano, fato que entristeceu, envergonhou e revoltou sua
apaixonada torcida. No ano do centenário, as coisas não andam muito boas para o CSA, que perdeu o título estadual para seu maior rival, além de
ter sido desclassificado já na fase de grupos da Série D do Brasileirão. As glórias do passado parecem cada vez mais
distantes, mas sua torcida continua apaixonada, esperançosa de que dias melhores
ainda virão pela frente.
( Fonte de pesquisa e texto http://prosaefutebol.blogspot.com.br/ )
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