A história do Botafogo remete ao século XIX, mais
precisamente 1891,
quando membros egressos do Clube Guanabarense, criado em 1874, criaram o Grupo
de Regatas Botafogo, tendo como um de seus fundadores o remador Luiz Caldas,
conhecido como Almirante. Logo após o falecimento de Caldas, o grupo foi
regulamentado como Club
de Regatas Botafogo. O clube tinha como sede um casarão, atualmente demolido,
no sul da praia de Botafogo, encostado ao Morro do Pasmado, onde hoje termina a
avenida Pasteur.
No dia 12 de agosto de 1904, paralelamente ao clube de regatas, surgia
também no bairro de Botafogo um novo time de futebol, o Electro Club, criado
por iniciativa de Flávio Ramos e
Emmanuel Sodré, dois jovens entre 14 e 15 anos que estudavam juntos no Colégio
Alfredo Gomes. Pouco mais de um mês depois, o nome da agremiação foi alterado
para Botafogo Football Club, por
sugestão da avó materna de Flávio, conhecida como Dona Chiquitota.
Nascido da união entre o
Club de Regatas Botafogo e o Botafogo Football Club, o Botafogo de Futebol e
Regatas foi fundado oficialmente no dia 8 de dezembro de 1942, dia
de Nossa Senhora
da Imaculada Conceição,
padroeira do clube. A fusão entre as duas agremiações já era estudada
desde 1931, mas durante muitos anos foi combatida porque pessoas ligadas aos
dois clubes, como o historiador Antônio Mendes de Oliveira Castro, do remo,
e João Saldanha, do futebol, garantiam que o Regatas estava
"infiltrado de torcedores do Fluminense", que é, dentre os maiores rivais do
alvinegro, o único que nunca teve um departamento ligado a esse esporte.
Na década de 1940, entretanto, a união dos clubes foi motivada
por conta de uma tragédia: no dia 11 de junho de 1942, o clube de regatas e o
de futebol se enfrentavam em uma partida de basquete, válida pelo Campeonato Carioca. O atleta Armando Albano, um dos principais jogadores do Botafogo
Football Club e da Seleção Brasileira, saiu atrasado do trabalho e chegou à quadra com o jogo já em
andamento, no final do primeiro tempo. Durante o intervalo, Armando se abaixou
para pegar uma bola e caiu desfalecido na quadra. Prontamente o jogador foi
levado ao vestiário e a partida recomeçou. Porém, após alguns minutos tentando
trazê-lo de volta à vida, a notícia de sua morte interrompeu o confronto quando
o placar marcava 23–21 para o clube de futebol. A decisão de parar o jogo foi
tomada pelo Botafogo de Regatas, que abdicou da disputa para que Albano tivesse
como homenagem uma última vitória. Envolvidos em uma profunda atmosfera de comoção, os dirigentes das duas
agremiações optaram pela união dos clubes.
A partir dessa data,
começou o procedimento para a fusão, oficializada cerca de seis meses depois. A
partir de então, surgia o Botafogo de Futebol e Regatas, com algumas
alterações: a bandeira permaneceu com as listras horizontais em preto e branco,
mas o escudo com as letras BFC entrelaçadas foi substituído por um retângulo
preto com a Estrela Solitária em branco. O novo escudo fez mudança semelhante,
incorporando o símbolo máximo do remo ao formato do distintivo de futebol,
agora em fundo preto e contorno branco.
Em 1906, o Botafogo conquistou o primeiro troféu de sua
história, a Taça Caxambu, a
primeira competição de futebol do Rio de Janeiro,
disputada pelas equipes de segundo quadro. No mesmo ano, participou também
da primeira edição do Campeonato
Carioca, terminando em 4.º lugar. A primeira vitória na competição foi
contra o Bangu, por
1–0, gol de Gilbert Hime na Rua Guanabara
No ano seguinte, o clube se envolveu na primeira polêmica de sua
história. Ao término do Campeonato Carioca, o Botafogo empatou em pontos com o Fluminense, mas
tinha saldo de gols inferior. Ao passo em que o rival se declarou o campeão
daquele ano, o Botafogo contestou o resultado por conta do seu último jogo,
contra o Internacional: o
time da zona
norte não compareceu à partida e o alvinegro venceu por W.O., sem
ter o saldo de gols contabilizado. Sentindo-se prejudicado por não ter tido a
oportunidade de marcar gols, o clube pediu uma partida extra contra o
Fluminense a fim de decidir o campeão. O adversário não aceitou a oferta, uma
vez que se declarava campeão baseado no estatuto da Liga Metropolitana de
Football, que previa como critério de desempate o goal average (média
de gols). No entanto, o estatuto não tinha valor de regulamento e a decisão do
campeonato se arrastou por 89 anos quando, finalmente, em 1996, tanto Botafogo
quanto Fluminense foram declarados campeões de 1907.
No Campeonato Carioca de 1909, o time terminou como
vice-campeão, mas entrou para a história ao aplicar a maior goleada de todos os
tempos do futebol brasileiro: 24–0 sobre
o Mangueira,
antiga equipe rubro-negra da Tijuca. No
primeiro tempo daquela partida, o Botafogo aplicou 9–0 e, na segunda etapa, fez
15–0. Como naquela época cada período dos jogos tinha apenas 40 minutos, a
média do Botafogo na partida foi de 3,3 gols por minuto. Gilbert Hime foi o
artilheiro do confronto, com nove gols, seguido por Flávio Ramos, com
sete. Monk e Lulu Rocha anotaram dois gols cada e Raul Rodrigues, Dinorah,
Henrique Teixeira e Emmanuel Sodré completaram o placar. O resultado memorável
está destacado na "Sala dos Números", no Museu
do Futebol, no Estádio do Pacaembu.
Em 1910, o Botafogo conquistou o Campeonato Carioca de forma avassaladora, marcando 66
gols em 10 jogos. Após estrear sofrendo uma pesada derrota para o America por 4–1, o
alvinegro se recuperou e aplicou diversas goleadas nos adversários ao longo da
competição: 9–1 e 15–1 sobre o Riachuelo, 7–0
contra o Haddock Lobo e 6–0 diante do Rio Cricket. Na penúltima rodada, contra o grande rival Fluminense, o
Botafogo garantiu a taça de forma antecipada ao golear os tricolores por 6–1,
com três gols de Abelardo de Lamare,
artilheiro da competição. Na última partida, mais uma goleada: 11–0 sobre o
Haddock Lobo. A campanha histórica conferiu ao clube o apelido de O
Glorioso, alcunha que carrega desde então. Ainda nesse ano, o Botafogo
sagrou-se campeão também do Troféu Interestadual após derrotar o AA Palmeiras, o então campeão paulista, com mais uma goleada: 7–2, com três gols
de Abelardo de Lamare, três de Décio Viccari e um de Mimi
Sodré.
Em 1911, o clube se
desligou da Liga Metropolitana de Sports Athleticos (LMSA), entidade fundada
por Botafogo, Fluminense, America, Paissandu, Rio Cricket e Riachuelo em 1908 para
organizar o Campeonato Carioca após a dissolução da Liga Metropolitana de
Football, um ano antes. Numa partida contra o America, o jogador do time alvirrubro Gabriel de
Carvalho teria feito falta violenta em Flávio Ramos, que revidou e causou uma
briga generalizada. Os irmãos Adhemaro e Abelardo de Lamare foram punidos pela
LMSA com seis e doze meses de suspensão, respectivamente, o que irritou os
dirigentes botafoguenses, culminando no desligamento da liga. Por conta disso,
o Botafogo passou um tempo realizando apenas jogos amistosos contra equipes
paulistas. No final do
mesmo ano, o clube ainda perdeu sua sede no Campo da Rua Voluntários da Pátria, onde mandava seus jogos, a fim de fazer caixa. Em 1912,
disputou o Campeonato Carioca pela Associação de Football do Rio de Janeiro (AFRJ), no modesto
campo da Rua São Clemente, e sagrou-se campeão. Em 1913, o Botafogo retornou à LMSA após a
fusão com a AFRJ.
A fase entre 1912 e 1930 pode
ser considerada como o primeiro período de jejum de títulos do Botafogo.
Todavia, foram conquistados dois Campeonatos Carioca de Segundos Quadros, em
1915 e 1922. O clube ainda foi vice-campeão do Campeonato Carioca por quatro vezes,
em 1913, 1914, 1916 e 1918, e teve
vários artilheiros do torneio até 1920, como por
exemplo Mimi
Sodré, Luís Menezes, Aluízio
Pinto e Arlindo
Pacheco.
No ínicio da década de 1910, o
clube inaugurou o Estádio
de General Severiano, atual sede do clube, no dia 13 de maio de 1913. No jogo
inaugural, derrotou o Flamengo por
1–0, com gol de Mimi Sodré Nessa época
também, o Botafogo contribuiu para a criação de um termo bastante comum no
esporte brasileiro: o uso da expressão cartola para
se referir aos dirigentes. Em 1917, o Dublin, uma
das melhores equipes do Uruguai à época, veio ao Rio de Janeiro para uma
temporada de amistosos, inclusive contra o alvinegro carioca. No Rio, dois
diretores uruguaios apareceram correndo à frente de seus jogadores até o meio
do campo vestindo altas e luxuosas cartolas, o que teria dado origem ao
termo. Outra versão afirma que foram os dirigentes do Botafogo que se
trajaram com fraque e cartola para receber os uruguaios, a fim de imitar os
políticos da República
Velha.
Nos anos 1920, o
melhor resultado do Botafogo foi uma 3.ª posição no Campeonato Carioca de 1928. De resto, foram cinco vezes
em 4.º lugar e outras classificações inferiores. Em 1923, o time quase foi rebaixado: após terminar a competição em 8.º
e último lugar, o Botafogo precisou disputar uma partida eliminatória contra
o Villa
Isabel, campeão da Série B, para definir quem jogaria a primeira
divisão no ano seguinte. Com a vitória por 3–1 no Estádio das Laranjeiras, o alvinegro se manteve na
elite.
Esse período também foi marcado por um série de problemas
internos na cúpula alvinegra. Em 1924, o dirigente Oldemar Amaral Murtinho
deixou o clube, o que ocasionou na saída do atacante Nilo, seu
sobrinho e um dos maiores ídolos do Botafogo, para o rival Fluminense. O
jogador só retornou ao Botafogo em 1927, dois anos após seu tio ter se tornado
presidente do clube, e se tornou artilheiro do campeonato daquele ano.
Logo no início da década,
liderado pelos atacantes Nilo e Carvalho Leite, o Botafogo conquistou o Campeonato Carioca de 1930. Em 1931, ficou com a 4.ª
colocação no estadual e conquistou a Taça dos Campeões Estaduais Rio-São Paulo após
golear o Corinthians por 7–1 na partida de volta, em General
Severiano, com quatro gols de Nilo.
Em 1932, sagrou-se campeão com duas rodadas de antecipação, após
derrotar o Bonsucesso por
5–4 no Campo
da Estrada Norte A partir de 1933, duas
ligas diferentes organizaram o Campeonato Carioca: a Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA),
responsável pelo campeonato até então, e a Liga
Carioca de Football (LCF), resultada de uma cisão promovida pelos clubes que
buscavam a profissionalização do futebol. O Botafogo se recusou a mudar de liga
e permaneceu no torneio organizado pela AMEA, sendo campeão em 1933 e 1934. Em 1935, a AMEA se desfez e foi
incorporada pela recém-criada Federação Metropolitana de Desportos (FMD). No
primeiro campeonato promovido pela nova liga, o alvinegro ficou mais uma vez
com o título, se tornando tetracampeão e o primeiro campeão estadual
profissional reconhecido pela Confederação Brasileira de Desportos Nessa última
conquista, o destaque do time foi Leônidas da Silva, ídolo
do rival Flamengo, que
defendeu as cores do Botafogo de 1935 até o início de 1936, antes se transferir
para o rubro-negro.
Em 1936, o clube fez sua primeira excursão internacional, para
disputar amistosos no México e
nos Estados Unidos. Em
nove partidas, o time conquistou seis vitórias, um empate e duas derrotas. No ano seguinte, iniciou as reformas no
Estádio de General Severiano, a fim de expandi-lo e colocar novas arquibancadas
de cimento. Na partida de reinauguração, em 1938, vitória sobre o Fluminense por
3–2.
Nessa era, o Botafogo cedeu jogadores para a Copa do Mundo,
disputada pela primeira vez em 1930, em 17
ocasiões. A edição com o maior número de alvinegros convocados foi em 1934,
na Itália, com
nove atletas do clube representando a Seleção
Brasileira: os goleiros Germano e Pedrosa, o
zagueiro Octacílio, os
meias Ariel, Canalli, Martim
Silveirae Waldyr, e a dupla de ataque Áttila e Carvalho Leite.
No começo da década de 1940,
especialmente após a fusão do remo e do futebol em 1942, o Botafogo contou com
grandes jogadores em seu plantel, mas não conseguiu conquistar títulos. Nomes
como Gérson dos Santos, Tovar e Zezé Procópio passaram
pelo clube sem levantar uma taça. Além deles, um dos maiores ídolos da história
do Botafogo, o polêmico atacante Heleno de Freitas,
também deixou o clube sem conquistar troféus, a não ser o Torneio Início de 1947 e competições de aspirantes. No time de 1940 a
1948, Heleno marcou 209 gols em 235 jogos com a camisa alvinegra e formou ao
lado de Tesourinha, Zizinho, Jair Rosa Pinto e Ademir
Menezes o considerado maior quinteto ofensivo da história da Seleção
Brasileira.
Curiosamente, somente após a saída de Heleno, em 1948, o
Botafogo voltou a conquistar o Campeonato
Carioca. Após três vice-campeonatos em sequência, o Glorioso estreou
na edição daquele ano goleado por 4–0 pelo São Cristóvão. A partir de então, sob comando do técnico Zezé Moreira e
liderado em campo por Octávio Moraes e Sylvio Pirillo, o
time não perdeu mais na competição. No último jogo do torneio, que acabou se
tornando uma final de campeonato uma vez que só Botafogo e Vasco podiam
ficar com o título, o alvinegro derrotou o time cruzmaltino apelidado de Expresso
da Vitória por 3–1 e sagrou-se campeão.
O Campeonato Carioca de 1948 também foi responsável pelo
surgimento de um dos mascotes do clube. Na preliminar da partida entre Botafogo
e Madureira, o
cachorro Biriba, que pertencia ao zagueiro reserva Macaé, invadiu o campo, como
se comemorasse a vitória dos aspirantes do alvinegro por 10–2. O presidente do
clube Carlito Rocha se
encantou com o animal, ainda mais por conta de seu pelo preto e branco, e
decidiu adotá-lo como talismã. A partir de então, Biriba esteve presente em
todos os jogos do clube a fim de "dar sorte" e ajudar em campo:
quando o Botafogo estava atrás do placar, o cachorro era solto no gramado sob
ordens de Carlito Rocha para interromper a partida. Inexplicavelmente, em todas
as vezes que isso aconteceu o Botafogo conseguiu reverter o placar.
Nas décadas de 1950 e 1960, o
Botafogo viveu um de seus períodos mais áureos, contando com grandes craques
da Seleção
Brasileira em seus times como Manga, Zagallo, Didi, Quarentinha, Amarildo, Roberto Miranda, Paulo César Caju, Sebastião Leônidas, Paulo Valentim, Rogério, Gérson e Carlos Roberto.[66] Além
deles, os maiores ídolos da história do alvinegro também jogaram nessa
época: Nilton Santos,
considerado o maior lateral-esquerdo de todos os tempos, e Garrincha,
apontado por alguns como o melhor jogador de futebol da história.
Em 1951, o Glorioso ficou em terceiro lugar
no Torneio Internacional de Santiago e venceu o Torneio Municipal, sendo convidado para disputar
a Pequena Taça do Mundo do ano
seguinte, a primeira edição do torneio, disputado na Venezuela. Em um
quadrangular contra Real
Madrid, La Salle e
o badalado Millonarios, do craque argentino Di Stéfano, o
alvinegro terminou a disputa invicto, mas na segunda colocação, empatado em
pontos com o Real Madrid e derrotado no critério goal average.
Um ano depois, o clube revelou Garrincha para
o mundo: o craque fez sua estreia como profissional no dia 19 de julho de 1953,
marcando três gols na vitória por 6–3 diante do Bonsucesso,
no Maracanã. Nos
torneios internacionais, foi vice-campeão da Copa Montevidéu e ficou em quarto
lugar no Quadrangular de Buenos Aires.
Em 1957, a diretoria inovou ao convidar o cronista esportivo e
diretor do clube João Saldanha para
assumir o comando do time principal. Mesmo sem experiência no cargo, João
Sem Medo, como era conhecido, liderou o esquadrão alvinegro na conquista
do Campeonato Carioca. Na final do campeonato, contra o Fluminense, o
Botafogo aplicou 6–2 no rival, com cinco gols de Paulinho Valentim. Até
hoje, o resultado é a maior goleada da história das finais do Estadual. No
mesmo ano, o alvinegro disputou novamente a Pequena
Taça do Mundo, dessa vez contra Barcelona, Sevilla e Nacional,
tricampeão uruguaio. Porém, o Botafogo ficou mais uma vez com o vice-campeonato,
atrás do Barcelona.
No ano seguinte, o clube cedeu seus principais jogadores para a
Seleção Brasileira: Garrincha, Nilton Santos, Didi e Zagallo ajudaram na
conquista do primeiro
título mundial do Brasil. Mesmo sem o quarteto, o Botafogo venceu o Torneio João Teixeira de Carvalho diante do America Foi nessa
competição que o alvinegro aplicou 5–0 no Vasco
da Gama, a maior goleada sobre o rival.
Também em 1958, o clube participou pela primeira vez do Torneio
Pentagonal do México, ficando com o vice-campeonato. Já em 1959, foi derrotado
pelo Santos na
final do Troféu Teresa Herrera. Em
1960, o Glorioso voltou a conquistar um campeonato no
exterior, ao vencer o Torneio Internacional da Colômbia. No mesmo ano, o clube
perdeu o atacante Paulinho Valentim, negociado com o Boca
Juniors.
Em 1961, o Botafogo venceu o Torneio Início e o Campeonato Carioca, após desbancar o Flamengo por
3–0 na última rodada, com dois gols de Amarildo. No
exterior, disputou o Troféu Naranja e
conquistou o Torneio Triangular da Costa Rica.
No ano seguinte, foram
três títulos conquistados: o clube foi bicampeão do Campeonato Carioca, novamente derrotando o Flamengo por 3–0
na rodada final, venceu pela primeira vez o Torneio
Rio-São Paulo e ainda conquistou o Torneio Pentagonal do México. Ainda em 1962, Garrincha comandou
a Seleção Brasileira na campanha do bicampeonato da Copa
do Mundo, em uma equipe que contava com outros cinco atletas do
alvinegro.
O ano de 1963 começou com a fase final da Taça Brasil de 1962. O Botafogo chegou até a decisão contra
o Santos, seu
maior rival da época, mas acabou derrotado. Na Copa Libertadores, mais uma derrota para os santistas, dessa
vez na semifinal. A grande conquista da temporada ficou por conta do Torneio Internacional de Paris, quando desbancou o Racing Paris com
um gol de Quarentinha aos 40 minutos do 2.° tempo.
A revanche diante dos santistas veio no Torneio
Rio-São Paulo de 1964. Após terminarem a fase inicial empatados na liderança,
Botafogo e Santos se enfrentariam em dois jogos extras para decidir o campeão.
Na primeira partida, no Maracanã, o
time carioca derrotou o rival por 3–2. O jogo de volta, porém, nunca aconteceu,
uma vez que os dois clubes foram excursionar no exterior. Assim, tanto Botafogo
quanto Santos foram declarados campeões. Em territórios internacionais, o Glorioso conquistou
dois títulos: a Panamaribo Cup, no Suriname, e
o Torneio Jubileu de Ouro,
em La Paz. Já no
Torneio Íbero-Americano, em Buenos Aires, o
clube enfrentou Barcelona, River
Plate e Boca
Juniors. O time brasileiro e a dupla argentina terminaram empatados em
pontos e, sem datas suficientes para jogos extras, não houve campeão.
O final do ano de 1964 marcou a despedida de Nilton Santos, que
se aposentava do futebol. Com 721 jogos pelo Glorioso, sem nunca
ter jogado por outra equipe além da Seleção Brasileira, o lateral-esquerdo fez
sua última partida pelo Botafogo em vitória por 1–0 contra o Flamengo. Em
1965, mais uma saída: assombrado por muitas dores no joelho direito, Garrincha já
não conseguia apresentar seu melhor futebol. No ano anterior, o camisa 7
decidira fazer uma cirurgia no menisco para tentar resolver o problema.
Contudo, o jogador escolheu fazer a operação com o médico do America, o que gerou
insatisfação nos dirigentes alvinegros. A relação entre clube e ídolo já não
era mais a mesma e, em setembro de 1965, Garrincha fez sua última partida pelo
Botafogo, em vitória magra por 2–1 diante da Portuguesa-RJ.
Mesmo com a saída dos maiores ídolos, o Botafogo continuou sua
trajetória de vitórias: com dois triunfos sobre o Santos,
venceu a Taça Círculo de Periódicos Esportivos, em 1966. No mesmo ano,
conquistou também a Copa
Carranza de Buenos Aires. No final da década, conquistou três vezes
o Troféu
Triangular de Caracas, em 1967, 1968
e 1970, além do Torneio Hexagonal do México, em 1968.
Em 1967 e 1968, comandado pelo agora técnico Zagallo, o
alvinegro foi bicampeão da Taça Guanabara e
do Campeonato
Carioca, com vitórias históricas diante de America e Bangu e
sonoras goleadas em cima de Vasco
da Gama e Flamengo. Em
1969, o Botafogo foi campeão da Taça Brasil de 1968. Mais
de 30 anos depois, a CBF reconheceu o torneio
como uma edição do Campeonato Brasileiro e a conquista passou a ser
considerada o primeiro título brasileiro do clube.
Durante 21 anos, o Botafogo não conquistou nenhum título
oficial. Desde a Taça Brasil de 1968 até
o Campeonato Carioca de 1989, o clube colecionou
vice-campeonatos, terceiras e quartas posições, sem celebrar um título.
A reta final do Campeonato Carioca de 1971 ficou marcada
negativamente. O Botafogo contava com quatro atletas que haviam conquistado
a Copa
do Mundo no ano anterior (Carlos Alberto Torres, Brito, Paulo César Caju e Jairzinho) e
dominava a competição, com liderança folgada para o segundo colocado Fluminense. No
entanto, o alvinegro tropeçou nas últimas rodadas e não conseguiu garantir o
título antecipadamente. Na última partida, justamente contra o Tricolor, o
Botafogo precisava de pelo menos um empate. Aos 43 minutos do 2.° tempo, o
Fluminense marcou o gol da vitória em lance polêmico envolvendo o lateral
tricolor Marco Antônio e
o goleiro alvinegro Ubirajara, que
alega ter sido empurrado. Na sobra, Lula fez
o gol do título, acabando com as esperanças alvinegras.] No Campeonato Brasileiro, o Botafogo chegou ao triangular final
com São Paulo e Atlético Mineiro, mas
perdeu as duas partidas e ficou com a terceira colocação.
No ano seguinte, mais uma vez o título escapou por pouco. O
Botafogo chegou à final do Campeonato Brasileiro após eliminar o Corinthians na semifinal Na
decisão contra o Palmeiras, o
empate em 0–0 deu o título à equipe paulista, que havia somado mais pontos
durante a competição. O Brasileirão de 1972 também ficou marcado para os
alvinegros pela goleada aplicada no maior rival Flamengo:
impiedosos 6–0, no dia do aniversário rubro-negro.
Em 1973, o Botafogo voltou a disputar a Copa Libertadores após dez anos. Na primeira fase, o
alvinegro liderou seu grupo, formado por times uruguaios e brasileiros. Porém,
como havia empatado em número de pontos com o Palmeiras, o
regulamento previa um jogo-extra para definir o classificado. No Maracanã, o
alvinegro derrotou o alviverde por 2–1 e avançou na competição. Na fase
semifinal, foi eliminado em um triangular ao lado de Cerro Porteño e Colo Colo, que viria a ser o vice-campeão. Dois anos depois, o Glorioso conquistou
a Taça
Augusto Pereira da Mota, equivalente ao segundo turno do Campeonato Carioca. Na decisão do Estadual, porém, mais um
vice-campeonato, novamente diante do Fluminense Na temporada seguinte, venceu outra vez o
segundo turno do Campeonato Carioca, dessa vez denominado Taça José Wânder Rodrigues
Mendes.
Em 1976, envolvido em uma grave crise financeira, o Botafogo
vendeu a sede de General
Severiano para a Vale do Rio Doce. O
fato evidenciou a situação caótica do clube e gerou revolta de muitos
torcedores e dirigentes, como o ex-presidente Carlito Rocha. O
ex-lateral Nilton Santos,
eterno ídolo alvinegro, chegou a afirmar que "estavam matando as glórias
do Botafogo" e que "seu Botafogo não existia mais". Antes
de transferir o departamento de futebol para o bairro de Marechal Hermes,
o Glorioso chegou a ficar sem campo até para treinar, uma vez
que o novo estádio só foi inaugurado em 1978.
Nessa época, o Botafogo acabou recebendo o apelido de Time
do Camburão, pois deixou de ter grandes craques e revelações em sua equipe
e passou a contar com jogadores mais rodados e problemáticos que, mesmo com
algum talento, não conseguiam permanecer muito tempo em uma equipe. Porém,
foi nesse período que o clube estabeleceu dois recordes do futebol brasileiro:
o maior número de partidas invicto do futebol nacional (52 jogos) e a maior
série invencível em jogos do Campeonato Brasileiro (42 jogos). Apesar das marcas
expressivas, o clube terminou o Brasileirão na 5.ª posição em 1977 e em 9.° lugar na edição de 1978. Em 1979, o Botafogo disputou apenas sete jogos e terminou na 53.ª posição,
sua pior colocação na história da competição.
Já em 1981, o clube voltou a fazer campanha de destaque. Com
jogadores como Paulo
Sérgio, Mendonça e Marcelo Oliveira no
elenco, o Botafogo chegou à semifinal do Campeonato Brasileiro, contra o São Paulo. Na
primeira partida, no Maracanã,
vitória por 1–0. No jogo de volta, no Morumbi, muita confusão: os dirigentes e jogadores do Botafogo acusaram
a equipe paulista de coagir o árbitro no intervalo, quando o alvinegro vencia
por 2–1. O jogo demorou 35 minutos para recomeçar e, na volta, o São Paulo
conseguiu virar o placar, eliminando o clube carioca. Além disso, a partida
ficou marcada por vários lances polêmicos e um pênalti mal marcado pelo árbitro
Bráulio Zannoto a favor dos donos da casa.
No Campeonato Brasileiro de 1986, mais confusão: o regulamento
previa a diminuição de clubes de 48 para 28 clubes no ano seguinte Como terminou a competição na 31.ª colocação,
o Botafogo não deveria ter se classificado para o Campeonato Brasileiro de 1987. No entanto, um imbróglio
judicial envolvendo Vasco
da Gama, Joinville e Portuguesa fez com que
a CBF mudasse o regulamento do Brasileirão de 1986 durante a
competição, fazendo com que mais equipes avançassem à segunda fase. O caso
fez estourar a crise no futebol brasileiro e abriu brecha para o surgimento
do Clube dos 13. Como
a CBF já havia declarado não ter condições financeiras para organizar o
Campeonato Brasileiro de 1987, o recém-criado Clube dos 13 promoveu a Copa União, com a
participação dos clubes fundadores (entre eles o Botafogo) e mais três
convidados: Coritiba, Santa
Cruz e Goiás.
Posteriormente, com o sucesso comercial da nova competição, a CBF voltou atrás
e criou seu próprio Campeonato Brasileiro, com os clubes "excluídos"
pela Copa União.
Para o ano de 1988, o Botafogo permaneceu no Campeonato Brasileiro, juntamente com todas as equipes da Copa
União. O alvinegro terminou a edição daquele ano em 17.° lugar, eliminado na
primeira fase. O momento mais marcante
daquela campanha foi a derrota para o Vasco
da Gama por 3–0: ao final da partida, a gandula botafoguense Sonja
Martinelli, de apenas 11 anos, caiu no choro e declarou amor ao clube. O
Botafogo estava há 20 anos sem conquistar um título oficial.
Desde a conquista da Taça Brasil de 1968 até
1989, os melhores resultados obtidos pelo Botafogo haviam sido torneios de
verão conquistados no exterior, como o Troféu
Triangular de Caracas e o Troféu Cidade de Palma de Mallorca. O jejum de títulos
incomodava, mas estava prestes a ter um fim: no dia 21 de junho de 1989, o
Botafogo liderado por Mauro Galvão, Paulinho Criciúma e Josimar conquistou o Campeonato Carioca, de forma invicta, após vitória sobre
o Flamengo de Zico, Bebeto e Leonardo. A
primeira partida da decisão terminou empatada em 0–0. No segundo jogo, o
Botafogo venceu com gol do atacante Maurício, camisa 7, após cruzamento de Mazolinha. Era o fim de um período de
sofrimento e o começo de uma nova era gloriosa.
No ano seguinte a um dos títulos mais importantes de sua história,
o alvinegro repetiu o triunfo no Campeonato Estadual. Desta vez, numa polêmica final contra o
Vasco, com nomes como Valdeir, Carlos
Alberto Dias, Carlos Alberto Santos e Djair no
elenco.
Em 1992, o clube voltou a disputar uma final de Campeonato Brasileiro após vinte anos, contra o rival
Flamengo. Às vésperas do primeiro duelo, uma polêmica: o então craque do
time Renato Gaúcho fez
uma aposta com o centroavante rubro-negro Gaúcho e,
caso o Botafogo perdesse, ele daria um churrasco aos adversários. Com a derrota
por 3–0, Renato pagou a aposta e desagradou o presidente Emil Pinheiro e
os torcedores alvinegros, causando seu afastamento da segunda partida. No jogo
de volta, sem Renato, o Botafogo saiu atrás, mas conseguiu empatar em 2–2. O
resultado não foi suficiente para evitar o vice-campeonato. O embate ainda
ficou marcado pela maior tragédia da história do Maracanã: cerca
de 30 minutos antes de a bola rolar, a grade de proteção da arquibancada
superior onde estava a torcida do Flamengo cedeu e diversas pessoas caíram,
atingindo também aqueles que estavam no anel abaixo. Ao todo, três pessoas
morreram e 90 ficaram feridas. Após o ocorrido, o estádio ficou fechado por
sete meses.
Com a segunda colocação no Brasileirão, o Botafogo se classificou para a Copa Conmebol de 1993. Sem
nenhum jogador titular da boa campanha da temporada anterior e sem caixa até
para comprar bolas para treinamento, o Glorioso conquistou, de
maneira surpreendente, o primeiro título internacional oficial de sua história.
Treinado por Carlos Alberto Torres e
com um time fraco, com destaque para o atacante Sinval e
o goleiro Willian Bacana, o Botafogo eliminou Bragantino, Caracas,
da Venezuela, e o
grande favorito Atlético Mineiro, antes
de chegar à decisão contra o Peñarol,
do Uruguai. No
primeiro confronto, empate em 1–1 em Montevidéu. O
resultado animou a torcida botafoguense, que se aglomerou na porta do Maracanã no
dia da partida de volta em busca de bilhetes. Sem ingresso para todos, a
solução foi abrir os portões do estádio. A estimativa é que o público tenha
superado 40 mil pessoas, apesar de apenas 26 276 terem pago pela entrada.
Em campo, o empate em 2–2 levou a decisão para os pênaltis. Com duas defesas de
Willian Bacana, o Botafogo venceu por 3–1 e garantiu o troféu. Paralelamente à
campanha vitoriosa no torneio sul-americano, a equipe fazia um Campeonato Brasileiro pífio, terminando na 31.ª colocação.
No ano seguinte, o clube foi convidado pela CONMEBOL para disputar a Recopa Sul-Americana contra o São Paulo, campeão
da Copa Libertadores e da Supercopa Libertadores. Em partida única, disputada
em Kōbe,
no Japão, o
alvinegro foi derrotado por 3–1, ficando com o vice-campeonato. O ano de 1994
também ficou marcado pelo retorno do clube à sede de General
Severiano, após ter recuperado a posse da propriedade dois anos antes. No Campeonato Brasileiro, o time ficou em 5.° lugar, eliminado nas
quartas de final pelo Atlético Mineiro. Com
dezenove gols, Túlio Maravilha foi
o artilheiro da competição, ao lado de Amoroso,
do Guarani.
Em 1995, Túlio continuou em alta. No Campeonato Carioca, foi novamente artilheiro com 27 gols e se
auto intitulou o "Rei do Rio",
em disputa com os atacantes Renato Gaúcho,
do Fluminense, Romário,
do Flamengo e Valdir Bigode,
do Vasco
da Gama. Apesar dos gols, o alvinegro ficou com a terceira
colocação do torneio. A grande glória do ano viria com o título do Campeonato Brasileiro, o primeiro do clube desde que a
competição passou a ser organizada pela CBF. Além de Túlio, o elenco alvinegro contava com nomes como Gonçalves, Donizete, Sérgio Manoel, Wilson Gottardo e Wágner, comandados pelo
então novato treinador Paulo Autuori.
Apesar dos salários atrasados e da desunião entre os jogadores, a equipe fez
campanha brilhante e chegou à grande decisão contra o Santos, após
eliminar o Cruzeiro na
semifinal. No primeiro jogo da final, o Glorioso venceu
por 2–1, no Maracanã. O
triunfo poderia ter sido maior se o árbitro Sidrack Marinho dos Santos não
tivesse anulado um gol legal de Túlio. Mesmo com a vitória, o time e a
torcida ficaram apreensivos, uma vez que o Santos havia revertido vantagem bem
maior na semifinal contra o Fluminense,
quando perdeu de 4–1 no Rio de Janeiro e
venceu por 5–2 em casa. Na partida de volta, no Pacaembu,
muitas polêmicas: o árbitro Márcio
Rezende de Freitas cometeu três erros decisivos durante a partida, dois a
favor do Botafogo e um a favor do Santos. Ao fim do duelo, o empate em 1–1 garantiu o
troféu para a equipe carioca e a presença de Túlio Maravilha na
galeria dos maiores ídolos do clube. Dessa vez, o atacante foi artilheiro isolado
do Brasileirão, com 23 gols.
Na temporada seguinte, o clube se desfez da maioria de seus
jogadores, mas ainda assim conquistou títulos: os principais foram a Taça Cidade Maravilhosa e
o Troféu
Teresa Herrera, diante da poderosa Juventus,
campeã da Liga dos Campeões.O Glorioso também
conquistou a Copa Nippon Ham,
em Osaka,
no Japão, e
o Torneio Presidente da Rússia, na cidade de Vladikavkaz. Na Copa Libertadores, foi eliminado nas oitavas de final
pelo Grêmio. No Brasileirão, terminou na 17.ª colocação.
Em 1997, o Botafogo venceu mais um Campeonato Carioca, novamente contra o Vasco
da Gama, graças a um gol do reserva Dimba. Na festa do título,
o zagueiro Gonçalves comemorou
rebolando, ironizando o atacante rival Edmundo, que
havia rebolado em campo na primeira partida do duelo. Em 1998, com a base
da equipe campeã carioca do ano anterior, o clube conquistou o Torneio
Rio-São Paulo pela quarta vez, batendo o São Paulo. Na
primeira partida, em uma decisão emocionante no Morumbi, com duas viradas no placar, o Botafogo venceu por 3–2. No
jogo de volta, no Maracanã, o
empate garantiu o título alvinegro.
Em 1999, comandado por Bebeto e Rodrigo, o
alvinegro foi vice-campeão da Copa do Brasil após perder a final para o Juventude. O
jogo de volta ficou marcado pela presença de 101 581 torcedores no
Maracanã, a última vez que o estádio recebeu mais de 100 mil pessoas. O duelo
também registra o maior público da história da Copa
do Brasil.
Na virada do século, o clube foi eleito pela FIFA um dos maiores clubes do século XX, em uma lista com apenas
outros dois clubes brasileiros, os rivais Santos e Flamengo.
Desde o início dos anos 2000, o
Botafogo flertou com o rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Campanhas ruins foram realizadas em 1999 – quando o clube escapou graças a pontos conquistados
no STJD devido ao Caso Sandro Hiroshi –
em 2000 e
em 2001. O rebaixamento finalmente aconteceu em 2002. Elencos frágeis, salários atrasados, má gestão
administrativa, baixa assistência aos estádios e início de movimentos de
repressão de torcidas organizadas foram
marcas desse período dramático da história do alvinegro.
Para o Campeonato Brasileiro de 2002, a equipe sofreu com a saída
de vários jogadores do plantel antes do início da competição. O time que nos
outros anos era liderado por Rodrigo e Dodô, entre
outros, tinha como destaques o zagueiro Sandro e
o volante Galeano.
Treinada a maior parte do campeonato por Ivo Wortmann, a
equipe não conseguiu se consolidar e, já sob o comando de Carlos Alberto Torres, que
assumiu nos últimos jogos da competição, foi rebaixada após perder para o São Paulo por
1–0, com gol de Dill,
no Caio Martins.
Ao final daquele ano, terminava a gestão presidencial de Mauro Ney Palmeiro, que
foi substituído por Bebeto de Freitas,
ex-atleta e treinador de vôlei. Repleto
de dívidas com jogadores e empresários, sem local para treinar, sem
patrocinador e sem um estádio que suportasse sua torcida, além de jogadores
pedindo para não atuar mais pelo clube, o Botafogo vivia a maior crise de todos
os tempos. O Campeonato Carioca de 2003 foi usado como
"laboratório", mas sem sucesso, e o time não se classificou para as
semifinais.
Na Série B, o
Botafogo iniciou sua trajetória perdendo para o Vila Nova,
em Goiânia, por
2–1. A primeira vitória só viria na terceira rodada, fora de casa, contra
o CRB, por
3–0. Ao decorrer da competição, o clube chegou a liderar o campeonato, mas
terminou a primeira fase em segundo lugar. Na segunda fase, ficou novamente em
segundo lugar no seu grupo, atrás do Marília. No
quadrangular final contra Palmeiras,
Marília e Sport,
o Glorioso conseguiu acesso à Série A com uma rodada de
antecipação, após derrotar o Marília por 3–1, no Caio Martins. Ao final da
competição, o time liderado por jogadores como Sandro, Túlio Guerreiro, Valdo e Leandrão terminou como vice-campeão.
Em 2004, ano do centenário do futebol do clube, a equipe fez
novamente campanhas ruins, eliminado precocemente no Campeonato Carioca e na Copa do Brasil. Na Série A, só escapou de um segundo rebaixamento na última rodada, ao
empatar em 1–1 com o Atlético
Paranaense, em Curitiba, e
graças a uma combinação de resultados.
A partir de 2005, o Botafogo iniciou um processo de
estabilização administrativa que se refletia, paulatinamente, em campo. Em 2006,
comandada pelo ex-jogador alvinegro Carlos Roberto e com jogadores como Dodô, Lúcio
Flávio, Zé
Roberto e Scheidt, a
equipe encerrou um período de oito anos sem títulos, conquistando suas
primeiras taças no século XXI:
venceu a Taça Guanabara diante
do America e,
posteriormente, o Campeonato Carioca, contra o Madureira. Ainda
em 2006, Cuca assumiria
o cargo de técnico. Seu trabalho daria bons frutos no ano seguinte,
quando, jogando um futebol moderno, a equipe guiada por Dodô, Zé Roberto, Lúcio
Flávio, Jorge Henrique e
Túlio Guerreiro, chamaria a atenção, sendo apelidada de Carrossel
Alvinegro.
Apesar do bom futebol, o ano de 2007 ficou marcado pela falta de
títulos e por derrotas traumáticas. No Campeonato Carioca, o alvinegro venceu a Taça Rio diante
da Cabofriense, porém foi
vice-campeão estadual após dois empates em 2–2 contra o Flamengo e derrota nos
pênaltis. Na partida de volta, o auxiliar Hilton Moutinho Rodrigues marcou
impedimento em um lance legal do atacante Dodô, aos 44 minutos do 2.° tempo, o
que revoltou jogadores e diretoria, uma vez que o atacante ainda foi expulso no
lance pelo árbitro Djalma Beltrami. Na Copa do Brasil, mais
uma derrota por conta da arbitragem: o time foi eliminado na semifinal
pelo Figueirense, em
jogo que teve dois gols mal anulados pela auxilar Ana Paula Oliveira, que
viria a ser afastada do esporte.
No Campeonato Brasileiro, a
equipe iniciou a campanha bem e liderou o torneio por 11 rodadas, terminando o
primeiro turno na segunda colocação. Entretanto, problemas internos
geraram uma grande queda de rendimento que fez o alvinegro cair pela tabela,
terminando o ano na 9.ª colocação. Ainda em 2007, pela Copa
Sul-Americana, a equipe caiu nas oitavas de final para o River
Plate após sofrer um gol aos 47 minutos do 2.° tempo com dois
jogadores a mais. Sem títulos nos gramados, o grande marco do ano para o Botafogo
foi a conquista do Estádio Olímpico Nilton Santos, à época denominado Estádio
Olímpico João Havelange. A concessionária Companhia Botafogo arrendou a
arena, construída para os Jogos
Pan-Americanos de 2007, até o ano de 2027.
Em 2008, o Botafogo foi campeão da Copa Peregrino,
disputada por equipes do Rio de Janeiro e
da Noruega, em
meio à pré-temporada. No entanto, nos torneios oficiais, o alvinegro
obteve resultados semelhantes aos do ano anterior. Venceu a Taça Rio frente
ao Fluminense, porém foi vice-campeão carioca novamente contra o Flamengo.
Na Copa do Brasil, o Botafogo foi eliminado pela segunda vez seguida nas
semifinais, desta vez sendo derrotado pelo Corinthians, nos pênaltis. Na Copa
Sul-Americana, o Glorioso caiu para outro argentino, o Estudiantes de La Plata, dessa
vez nas quartas de final. Já no Campeonato Brasileiro, após um mau começo, terminou na 7.ª
colocação.
Para 2009, Mauricio Assumpção foi
eleito presidente do clube e, imediatamente, encontrou sérias restrições
orçamentárias para reformular o elenco. Mas, mesmo desacreditado, o time foi
campeão da Taça Guanabara. Na Taça Rio,
chegou até a final, mas deixou escapar a chance de levantar o troféu do Campeonato Carioca antecipadamente ao perder para o
Flamengo devido a um gol contra do zagueiro Emerson. Durante
o primeiro jogo da final do Estadual, sofreu um duro baque ao ver o meia Maicosuel, o melhor jogador da equipe, e o
atacante Reinaldo se lesionarem em um mesmo lance e serem substituídos
enquanto vencia a partida. O Botafogo acabou sucumbindo pela terceira vez
seguida na final para o Flamengo, após dois empates em 2–2, de novo, nos
pênaltis.
Na Copa do Brasil, o time fez feio e foi eliminado na segunda fase para o Americano, nos
pênaltis. No Brasileirão, o mau começo custou o emprego do técnico Ney Franco, que
foi substituído por Estevam Soares. A
campanha continuou ruim e a equipe frequentou a zona de rebaixamento por várias
rodadas, mas conseguiu se garantir na Série A de 2010 graças a uma vitória sobre o Palmeiras, que
brigava pelo título, na última rodada.
Para o ano de 2010, o
clube trouxe o uruguaio Loco Abreu, que recebeu a camisa 13 das mãos de Zagallo e a contratação animou a torcida. No Campeonato Carioca, porém,
a equipe sofreu, já na terceira rodada da Taça Guanabara, uma pesada goleada por 6–0 no clássico contra
o Vasco, o que custou o emprego de Estevam Soares, sendo trocado por Joel Santana. Joel já comandara o time em 1997 e 2000, sendo campeão
estadual em sua primeira passagem. Ao chegar ao Botafogo, trabalhou a
autoestima dos jogadores, e o time foi, aos poucos, subindo de produção. O gol
do jovem Caio, que ficaria conhecido como
"talismã", contra o Flamengo, pôs a equipe na final da Taça
Guanabara. O título foi conquistado após vitória contra o Vasco, por 2–0. Na Taça Rio, o Botafogo enfrentou o Fluminense na
semifinal e bateu o tricolor por 3–2. Na final contra o Flamengo, com gols
de pênalti de Herrera e Abreu, de cavadinha, e com Jefferson defendendo uma penalidade cobrada
por Adriano, o alvinegro venceu por 2–1 e garantiu o
título estadual por antecipação.
Na Copa do Brasil, o time não foi longe: acabou eliminado pelo Santa
Cruz na segunda fase No Campeonato Brasileiro, o
time frequentou a zona de rebaixamento, mas melhorou de rendimento e subiu na
tabela, chegando a brigar por uma vaga na Copa Libertadores. A classificação, porém, não veio após
derrota para o Grêmio na última rodada. Mesmo assim, o clube obteve alguns
feitos no ano: Jefferson foi
convocado para defender a Seleção
Brasileira, sendo o primeiro jogador do clube a chegar à Seleção em 12
anos, após Gonçalves e Bebeto. Antes
disso, Loco Abreu disputou
a Copa
do Mundo de 2010 pelo Uruguai, se
tornando o primeiro jogador alvinegro em Copas após 12 anos.
Em 2011, o Botafogo teve um péssimo início de temporada, o que
ocasionou a demissão de Joel e a contratação de Caio Júnior. Entretanto
a mudança não foi suficiente para salvar o primeiro semestre, que acabou com o
time eliminado precocemente tanto no Campeonato Carioca, quanto na Copa do Brasil. Mas, no Campeonato Brasileiro, o clube fez uma campanha de destaque, e
novamente brigou por uma vaga na Copa Libertadores. Priorizando o título nacional, o clube
utilizou jogadores reservas na Copa
Sul-Americana e foi eliminado nas oitavas de final pelo Santa
Fe, da Colômbia. Na
reta final do Brasileirão, o time sofreu sete derrotas em nove jogos e terminou
a competição apenas em 9.° lugar. O técnico Caio Júnior foi demitido após o
revés diante do América Mineiro, sendo substituído pelo interino Flávio Tênius nos três últimos
jogos. Por causa da campanha decepcionante, a diretoria do clube dispensou
vários jogadores.
Para o ano de 2012, o clube contratou Oswaldo de Oliveira como técnico. Único grande do Rio
fora da Libertadores, o Botafogo se dedicou ao Campeonato Carioca e foi a única equipe a terminar tanto
a Taça Guanabara quanto
a Taça Rio invicta. Na
decisão contra o Fluminense, porém, o Glorioso foi goleado por
4–1, praticamente liquidando as chances de título. Na mesma semana, o
Botafogo não só perdeu a invencibilidade, como perdeu a chance de disputa de
títulos do primeiro semestre: derrota por 2–1 para o Vitória, em
pleno Engenhão, nas oitavas de
final da Copa do Brasil e nova
derrota para o Fluminense no jogo de volta da final do Carioca, confirmando o
vice-campeonato.
Para o Brasileirão, o
clube fez sua maior contratação dos últimos anos e a maior do futebol
brasileiro na temporada ao trazer o craque holandês Seedorf. O
jogador foi apresentado oficialmente no dia 7 de julho, antes da partida contra
o Bahia, no
Engenhão, pela 8.ª rodada do Brasileirão, e a equipe não decepcionou: vitória
por 3–0.[238] Porém,
na estreia do holandês, diante de um público de quase 30 mil pagantes, não
houve muito o que comemorar: derrota por 1–0 para o Grêmio. O primeiro gol de Seedorf aconteceria duas semanas
depois, em Goiânia,
contra o Atlético
Goianiense, em uma cobrança de falta. O duelo terminou com vitória do
Botafogo por 2–1, de virada. Porém, nem toda a habilidade do holandês foi
capaz de salvar o ano do clube. Na Copa
Sul-Americana, o time decepcionou e foi eliminado na primeira fase para
o Palmeiras. No
Brasileiro, o alvinegro terminou somente na 7.ª posição
Em 2013, porém, Seedorf liderou
a equipe no Campeonato Carioca, conquistado com sobras pelo Botafogo, que
venceu tanto a Taça Guanabra quanto
a Taça Rio,
diante de Vasco e Fluminense, respectivamente. O Brasileirão também
começou bem para o alvinegro, que chegou a liderar a competição por seis
rodadas. Contudo, com as vendas de Fellype Gabriel
e da revelação Vitinho, fora os problemas
com atrasos de salário, a equipe caiu muito de produção, alternando altos e
baixos. Nesse meio tempo, ainda foi eliminada pelo Flamengo nas quartas de
final da Copa do Brasil, goleada por 4–0. Mesmo com a irregularidade na metade final da
temporada, o time conseguiu terminar o Brasileiro em 4.° lugar, garantindo vaga
na Copa Libertadores de 2014 depois de 18 anos de
ausência na competição continental.
No primeiro semestre de 2014, utilizando jogadores reservas
durante quase toda a competição, o Botafogo fez sua pior campanha da história
do Campeonato Carioca, com quatro vitórias, cinco empates e seis
derrotas, 37,8% de aproveitamento e saldo de gols negativo, terminando na 9.ª
posição entre 16 participantes. Na Copa Libertadores, apesar do apoio irrestrito da torcida,
que lotou o Maracanã nos
quatro jogos que a equipe fez no estádio, o Botafogo foi eliminado na fase de
grupos. Na Copa do Brasil, o time já entrou nas oitavas de final e eliminou o Ceará em
uma partida histórica: virada por 4–3 na Arena Castelão, com gols ao 49 e 50 minutos do 2.° tempo. Mas, na fase
seguinte, o alvinegro voltou a fazer feio e foi eliminado pelo Santos,
goleado por 5–0 no Pacaembu. No Campeonato Brasileiro, com
um time fraco e salários atrasados, o clube fez uma das piores campanhas de sua
história e foi rebaixado pela segunda vez à Série B, após nova derrota para o Santos, por 2–0, na 37.ª rodada.[256]
Em 2015, o clube conquistou a Taça Guanabara, mas
ficou com o vice-campeonato do Estadual após perder a final para o Vasco. Na Copa do Brasil, foi eliminado pelo Figueirense em
casa. O resultado, aliado ao desempenho oscilante na Série B,
culminou na demissão do técnico René Simões. Para
o seu lugar, Ricardo Gomes foi
contratado e, mesmo contestado e com um elenco fraco, conquistou o título da
competição e garantiu o retorno à Série A antecipadamente. Em
2016, o alvinegro foi novamente vice-campeão do Campeonato Carioca após derrota para o Vasco na final.[264] Na Copa do Brasil, acabou eliminado nas oitavas de final pelo Cruzeiro,
goleado por 5–2 no jogo de ida e derrotado por 1–0 na volta Já no Campeonato Brasileiro, o clube
começou muito mal, chegando a ser lanterna da competição e terminando o 1.º
turno na zona de rebaixamento. Na segunda metade da competição, após a saída de
Ricardo Gomes para o São Paulo e
com a efetivação de Jair Ventura como
técnico, o Glorioso se recuperou e terminou o campeonato na
5.ª colocação, garantindo uma vaga na Copa Libertadores.
CAMPEÃO CARIOCA DE 1910 - COGGIN , EDGARD PULLEN e DINORAH , ROLANDO DELAMARE, LULU ROCHA e LEFRÉVRE, EMMANUEL SODRÉ, ABELARDO DELAMARE, DÉCIO VICCARI, MIMI SODRÉ e LAURO SODRÉ
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