Sabino não suportava mais tantas contrariedades. Ainda que o estorvo pela comparação com Pelé fosse algo amparado no oportunismo da imprensa, cobranças e mais cobranças o deixavam aturdido.
É bem verdade que outros jogadores também carregaram esse mesmo fardo, embora o caso de Sabino apresentasse uma maior complexidade em razão da perturbadora semelhança.
Mas conforme artigo publicado pela revista do Esporte em 30 de maio de 1964, o ponteiro esquerdo do São Paulo foi aos poucos percebendo que ser parecido com Pelé não era tão ruim assim.
Além do interesse do futebol mexicano, Sabino recebeu também uma proposta tentadora do Nice da França, que naquela oportunidade ofereceu bons valores para um contrato de dois anos.
João Sabino, o ponta-esquerda Sabino que jogou pelo São Paulo e pelo XV de Piracicaba, nasceu no município de Bebedouro (SP), em 2 de outubro de 1938.
Antes de brilhar nos gramados, o jovem Sabino trabalhou como “Retireiro”, aquele que ordenha vacas manualmente.
Bom de bola, Sabino foi revelado nas categorias amadoras da Associação Atlética Internacional de Bebedouro, equipe que defendeu até 1961, quando foi contratado pelo São Paulo Futebol Clube após um amistoso entre os dois times.
Riberto, Suly, Gino Orlando, Dario, Geraldo, Sabino e o técnico Aymoré Moreira [ 1962 ]
Quando chegou ao São Paulo, Sabino carregava o apelido de “Pelé de Bebedouro”, o que prontamente foi rebatido pelo próprio jogador ao solicitar que o chamassem apenas por Sabino.
Com o Morumbi parcialmente inaugurado, os dirigentes tricolores da época trabalhavam duro na tão sonhada conclusão do estádio. Para isso, o Departamento de Futebol apostava suas fichas em soluções promissoras do interior paulista.
E foi jogando pelo São Paulo que Sabino viveu um momento marcante de sua carreira. No dia 15 de agosto de 1963 o São Paulo aplicou uma goleada de 4×1 sobre o Santos no Pacaembu.
O confronto é lembrado como o jogo do “Cai-Cai”, em razão das expulsões e “contusões” dos jogadores do Santos, o que impediu o prosseguimento da partida.
Na segunda etapa, após o quarto gol marcado por Pagão, o árbitro Armando Marques precisou encerrar o prélio, já que o time da Vila Belmiro não contava mais com o número mínimo de jogadores. Abaixo, os registros do clássico:
Faustino, Cecílio, Benê, Pagão e Sabino .
15 de agosto de 1963 – Campeonato Paulista – São Paulo 4×1 Santos – Estádio do Pacaembu – Árbitro: Armando Marques – Gols: Faustino aos 5’, Pelé aos 20’, Benê aos 37’ e Sabino aos 40 do primeiro tempo; Pagão aos 7’ do segundo tempo – Expulsões: Pelé e Coutinho.
Observações: Por motivo de contusão, o lateral-direito Aparecido não voltou para a segunda etapa. No decorrer da partida, Pepe e Dorval também deixaram o gramado alegando contusão.
São Paulo: Suly; Deleu, Bellini e Ilzo; Dias e Jurandir; Faustino, Martinez, Pagão, Benê e Sabino. Técnico: Brandão. Santos: Gylmar; Aparecido, Mauro e Geraldino; Zito e Dalmo; Dorval, Lima, Coutinho, Pelé e Pepe. Técnico: Lula.
Sabino também jogou pelo Uberlândia Esporte Clube (MG) e pelo Esporte Clube XV de Novembro de Piracicaba (SP).
Pelo XV de Piracicaba, Sabino participou da inauguração do Estádio Barão de Serra Negra em Piracicaba. Abaixo os registros da partida que contou com a presença do prefeito municipal Luciano Guidotti:
4 de setembro de 1965 – Amistoso – XV Piracicaba 0x0 Palmeiras – Estádio: Barão da Serra Negra – Árbitro: José Ferreira Carvalho.
XV de Piracicaba: Silvio, Virgílio, Pescuma, Dorival e Chiquinho; Bastos e Emílio; Warner, Rodarte, Benê e Sabino. Técnico: Gilson Silva. Palmeiras: Valdir, Djalma Santos, Djalma Dias, Ferrari e Dudu, Procópio e Ademir da Guia; Gildo, Servílio, Tupãzinho e Rinaldo. Técnico: Filpo Nuñez.
Pescuma, Virgílio, Chiquinho, Sílvio, Bastos e Dorival. Warner, Rodarte, Benê, Emílio, Sabino e Osvaldinho [ 1965 ]
Vitimado por uma Hepatite, João Sabino faleceu em Barretos (SP), no dia 5 de setembro de 1978.
[ Créditos Tardes de Pacaembu wordpress.com ]
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