O território pernambucano sempre foi generoso na revelação de grandes atacantes para o futebol brasileiro. Entre tantos e tantos goleadores, sempre é possível correr o risco de esquecer de alguém:
– Ademir Marques de Menezes, o famoso “Queixada”, Pedro Simão Aquino de Araújo, o Simão da Portuguesa e do Corinthians, Orlando Azevedo Viana, o “Pingo de Ouro“, Edvaldo Izídio Neto, o Vavá “Peito de Aço”, Almir Morais de Albuquerque, Rinaldo Luís Amorim, o Rinaldo do Palmeiras, José Rinaldo Tasso Lassálvia, o Nado do Vasco da Gama, Tertuliano Severiano dos Santos, o Terto que jogou pelo São Paulo, Ramón da Silva Ramos, o artilheiro do Santa Cruz e do Vasco.
E como deixar de lado Nilton Coelho da Costa, mais conhecido como “Bodinho”, nascido em Recife (PE), no dia 16 de julho de 1928. *Algumas fontes publicam seu nascimento em 1929.
De origem humilde e com uma família numerosa, o jovem Nilton apareceu para o futebol nas equipes amadoras do Íbis Sport Club (PE), em 1943.
No ano seguinte foi encaminhado ao Sampaio Corrêa Futebol Clube (MA), onde ganhou destaque rapidamente na equipe principal, principalmente em razão da fama de grande cabeceador, o que lhe rendeu o apelido de “Bodinho”.
Mas a história do surgimento do apelido de Bodinho apresenta outras versões. Diziam os familiares que na infância o menino Nilton chorava como um bode.
Outra narrativa afirma que Nilton era sempre surpreendido quando pulava o muro dos vizinhos, que então prontamente o apelidaram de Bodinho.
Durante um amistoso realizado em 1944, o futebol de Bodinho foi descoberto pelos representantes do Clube de Regatas do Flamengo. No entanto, o atacante só chegou ao gramado da Gávea em 1945.
Munido de muita coragem, Bodinho desembarcou no Rio de Janeiro sem ter a perfeita compreensão do que realmente significava jogar pelo Flamengo.
O Rubro Negro, tricampeão carioca nas edições de 1942, 1943 e 1944, contava naquele período com jogadores experientes e consagrados, como Domingos da Guia, Biguá, Bria, Jayme, Valido, Sylvio Pirillo e o ponteiro esquerdo Vevé.
Com muito esforço, Bodinho cresceu de produção e foi aproveitado pelo técnico Togo Renan Soares, o famoso “Kanela”. Abaixo, uma das participações de Bodinho no campeonato carioca de 1949:
27 de novembro de 1949 – Campeonato carioca segundo turno – Botafogo 1×2 Flamengo – Estádio de General Severiano – Árbitro: Gillis M.Dundas – Gols: Zezinho para o Botafogo e Durval e Bodinho para o Flamengo.
Botafogo: Salvador, Gerson dos Santos e Marinho; Rubinho, Ávila e Juvenal; Paraguaio, Geninho, Zézinho, Octávio e Braguinha. Flamengo: Garcia, Juvenal e Nilton; Biguá, Bria e Valter; Bodinho, Zizinho, Durval, Beto e Esquerdinha.
Mas Bodinho não permaneceu no futebol carioca para testemunhar o nascimento do estádio do Maracanã.
Bodinho, que já era observado pelo treinador José Francisco Duarte Júnior, mais conhecido como Teté, foi transferindo junto ao Nacional Atlético Clube (RS), em 1950.
No ano seguinte, Teté assumiu o comando do Sport Club Internacional e não se esqueceu de Bodinho, indicando assim sua pronta contratação aos dirigentes do “Colorado”.
Finalmente, depois de tanto sacrifício, Bodinho viveu no Internacional o seu período mais produtivo dentro das quatro linhas. Ao lado de Larry Pinto de Faria, Bodinho formou uma dupla de muito sucesso.
Além da ponta direita, seu aproveitamento também foi significativo atuando pela meia cancha. No campeonato de 1955 obteve grande desempenho ao marcar 25 gols em 18 jogos disputados.
Além dos títulos estaduais de 1951, 1952, 1953 e 1955, Bodinho também participou da grande vitória sobre o Grêmio por 6×2, em 26 de setembro de 1954, nas festividades de inauguração do Estádio Olímpico.
Em 1956 Bodinho fez parte da Seleção Brasileira, formada por jogadores gaúchos, que conquistou o título do campeonato Pan-Americano de 1956, disputado no México.
A Taça da conquista do campeonato Pan-Americano de 1956 não está mais na galeria da Confederação Brasileira de Futebol. A peça foi roubada junto com a Taça Jules Rimet, em dezembro de 1983.
Bodinho permaneceu jogando pelo Internacional até 1958, quando decidiu deixar definitivamente os gramados.
Conforme reportagem publicada pela revista Placar em 3 de agosto de 1979, depois do futebol Bodinho tentou se estabelecer inclusive no ramo de transportes.
Comprou dois microônibus, mas só teve prejuízos em razão da desonestidade dos funcionários. Trabalhou também como Encarregado de Almoxarifado na Caixa Econômica do Rio Grande do Sul.
Nilton Coelho da Costa, um dos maiores goleadores do futebol gaúcho, faleceu no dia 22 de setembro de 2007.
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